Em mãos: Amazon Kindle
Apesar de não serem tão conhecidos pelos brasileiros, os famosos e-readers estão conquistando cada vez mais fãs por aqui. No Brasil existem dois sabores: Os Kindles da Amazon (Kindle e Kindle Paperwhite) e os Kobos (Kobo Glo, Kobo Mini e Kobo Touch). Mas será que dá caldo?
A versão básica do Kindle (que é a desse post, já que não tá fácil pra ninguém) começou a ser comercializada no Brasil em dezembro de 2012 via Ponto Frio (pela internet) e lojas físicas da Livraria Vila, em São Paulo. O Kindle Paperwhite (que possui como diferencial touchscreen e tela iluminada, além de um modelo com 3G) chegou em março. Mas será que a diferença gritante do produto nos países (o Kindle básico na Amazon americana custa R$ 175,37, enquanto no Brasil custa R$ 299) e a falta do “cheiro de livro novo” – argumento usado por alguns entusiastas da leitura – compensa?
Primeiras Impressões
O produto impressionou pelo tamanho (apesar das comparações nas descrições da Amazon e Ponto Frio) e, obviamente, pela tela. Demorou um pouco pra se acostumar ao uso, sendo dos maiores problemas a configuração da conta da Amazon e da WiFi. Como o meu modelo não possui touchscreen nem teclado, tive que fazer um samba nas setinhas. Uma curiosidade é que o Kindle não esconde as senhas com os clássicos asteriscos, sendo necessário um pouco de cautela na hora de digitar a senha da conta da Amazon em público.
Acompanha de fábrica alguns arquivos, sendo: um agradecimento da Amazon pela compra, o Manual de Usuário (não existe o manual impresso na caixa) e alguns dicionários. O agradecimento vem com um erro de digitação na segunda página, aparecendo “Fundados” ao invés de “Fundador” e um email para “compartilhar suas ideias e comentários”.
Outro ponto importante foi a reação das pessoas ao aparelho. Levei junto comigo nos colégios que estudo (faço o terceiro ano do Ensino Médio de manhã, e de tarde curso técnico) e poucas pessoas sabiam o que o Kindle era de cara. Muita gente achou que era um tablet, e outros acharam que era um brinquedo, e mesmo depois de explicado a função, houve reações engraçadas: alguns comentaram que a tela “parecia plástico ou papel” (isso rendeu uma discussão de quase uma aula sobre como a tela funciona) e alguns até criticaram a compra, dizendo que um tablet era melhor ou que um aparelho só pra leitura era desperdício de dinheiro.
Design
Segundo a própria Amazon, o objetivo do design do Kindle era “que o Kindle desaparecesse em suas mãos para que você aproveitasse a leitura”. Isso talvez seja verdade: ele é extremamente fino e leve (pesa 170 gramas e possui 8,7 mm de espessura), tornando a leitura algo mais comportável que muito livro grosso aí. Possui quatro botões (dois de cada lado) para mudar a página, e o único incomodo é a eventual piscada que acontece em algumas transições de página. Possui quatro botões (fora as setas e o botão do meio), sendo um para voltar na seção anterior, um para o teclado, um para acessar as configurações e um para a home. As setas servem para navegar na home, no browser, no menu e nas configurações. Em baixo do aparelho estão a entrada USB e um botão para desligar/ligar ou para colocar na tela de descanso.
Usabilidade
Com exceção do escuro, foi possível ler com perfeição em qualquer local – mesmo com o sol forte -, já que não possui reflexo. Isso não acontece com tablets e celulares, já que se tiver aquele solzão tropical, tem que jogar o brilho lá pro máximo.
A home do Kindle é composta dos livros disponíveis no aparelho, sendo possível separar eles por pastas (chamam isso de “coleções” por lá). Os dicionários são colocados em um pasta separada, e também é possível acessar algo chamado “Itens Arquivados”, que são itens salvos na conta da Amazon mas não disponíveis no aparelho.
Uma funcionalidade legal dos dicionários é poder acessar tanto avulsamente para consulta ou no meio da leitura. Enquanto estiver lendo algo, é só navegar com as setas até a palavra desejada, que o significado é mostrado.
O Kindle também acompanha um navegador, que é considerado “experimental”. Como dito anteriormente, a navegação deve ser feita com as setinhas, assim como o uso do teclado. Somando isso ao fato de ser um aparelho com e-ink, é um tanto quanto sofrido navegar na internet com ele.
O aparelho também possui uma integração com redes sociais. Um exemplo é quando você chega na ultima página do livro, ele postar que tu terminou de ler no Twitter e no Facebook e você poder mostrar pra galera que é super cult.
A bateria é um outro ponto forte. Segundo o Ponto Frio, o aparelho consegue ficar um mês sem recarregar com 30min de leitura diária e sem WiFi. Em um uso mais intenso (WiFi ligada e aparelho ligado 24h) de terça até hoje (domingo), não chegou nem na metade.
E a pirataria, como fica?
A Amazon brasileira dispõe de uma vasta loja (que requer um tiquinho de organização) com vários livros (tanto em português como em outras linguas), mas para quem utiliza arquivos piratas é necessário um pouco de gingado pra dar certo.
Entre os formatos suportados, estão: Kindle (AZW), TXT, PDF, MOBI sem proteção e PRC naturalmente; HTML, DOC, DOCX, JPEG, GIF, PNG e BMP através de conversão. Já é possível notar que o Kindle não suporta EPUB e o suporte para PDF é fraco, sendo necessário converter ambos para MOBI. Em testes, vários arquivos em PDF convertidos para outros formatos tiveram perda de formatação, chegando a estar completamente inutilizáveis.
A Amazon também oferece uma tecnologia que permite envio de “documentos pessoais” (palavras deles) pro Kindle através de um endereço de email que cada aparelho possui. Vale lembrar que arquivos HTML, DOC/DOCX e imagens só podem ser enviadas dessa maneira para serem convertidas na nuvem (via USB ele acaba não reconhecendo).
O que vem na caixa?
Na caixa temos:
- O aparelho (ah vá);
- Um cabo USB (não acompanha adaptador pra tomada);
- Dois papeis, um sendo garantia e o outro sendo um tutorial de como ligar pela primeira vez em várias linguas.
Vale lembrar que não acompanha manual impresso.
E o que dá pra fazer no site da Amazon?
É possível controlar algumas coisas do seu Kindle no site da Amazon.com.br (ou da região que você for usar), sendo os seus documentos pessoais (é possível apenas excluir eles por lá), os livros que você comprou, a loja que você vai usar (se é a brasileira, americana, britânica, afins) e o pagamento utilizado. Vale lembrar que é possível adquirir livros na loja tanto pelo navegador do computador quanto pelo aparelho.
A loja da Amazon possui livros dos diversos preços. Curiosamente, alguns livros são do mesmo preço das copias físicas em alguns lugares, tendo como exemplo A Rainha do Castelo de Ar de Stieg Larsson (vide aqui e aqui). A Amazon também sofre em alguns títulos com a diversidade desnecessária de editoras, tendo como exemplo obras da literatura brasileira mais antigas, como Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, aonde o preço varia de R$ 2 até R$ 17 nas edições. É interessante também mencionar que existem alguns títulos disponíveis gratuitamente, como A Volta ao Mundo em 80 Dias de Julio Verne.
Considerações Finais
Durante o pouco tempo que passei, o Kindle se mostrou uma ótima compra, mesmo sendo na versão mais básica. Assumo que antes eu era um tanto quando adverso à comprar um aparelho só para leitura, mas digo que é até mais prazeroso ler com ele do que em uma cópia física.
No entanto, amantes de PDF de plantão (muitas obras literárias para vestibular, assim como outras obras da literatura brasileira um pouco mais antiga existem apenas em PDF na internet) podem acabar tendo uma leve dor de cabeça na hora de poder utilizar o Kindle, sendo necessário um pouco de gambiarra para conseguir ler, sendo mais em conta comprar a versão digital na Amazon.
Levando em conta os fatores peso, mobilidade e praticidade, posso afirmar com certeza que para quem gosta de ler, o Kindle é sem duvida o próximo aparelho que você deve comprar.